22 | dezembro | 2016

Não emprenhou. Por quê?

Quanto antes for detectada a negativa, há mais tempo para as correções e nova tentativa de concepção

Chegou a hora da prova dos nove. Passada a estação de monta, o médico veterinário deve fazer o diagnóstico de gestação para identificar as matrizes que emprenharam. Mais importante do que detectar as concepções, porém, é identificar também as vacas que não emprenharam, a fim de proceder a nova tentativa de inseminação artificial ou monta natural.

A partir do exame, pode-se, realocar essas matrizes para pastos melhores ou iniciar uma ação sanitária para combater possíveis doenças reprodutivas. "A importância do diagnóstico está na destinação correta de cada fêmea não gestante", afirma o técnico Carlos Antonio de Carvalho Fernandes, da Biotran, de Alfenas, MG.

Em suma, o exame também permite recalcular a rota ainda durante a "viagem". "Podemos identificar problemas logo nos primeiros lotes inseminados e tentar corrigi-los antes do término da estação", lembra o veterinário Dorival Sornas Martineli, da Neobovina de Marília, SP.



Para o diagnóstico de gestação, o exame pode ser feito por palpação retal ou por ultrassonografia. "A diferença está no diagnóstico mais precoce da ultrassonografia", compara Fernandes. Em geral, este exame pode ser feito 30 dias após a inseminação ou monta e, a palpação retal, 45 dias após.



Não é recomendado que se antecipe o prazo, sob o risco de obter resultados duvidosos ou incorretos. No futuro, uma das promessas tecnológicas para antecipar ainda mais o diagnóstico e realizá-lo com maior exatidão está no uso da ultrassonografia doppler colorida, mas ela ainda não é executada na rotina de exames das fazendas.



Risco mínimo – Independentemente da técnica, se for realizada por médico veterinário capacitado, o risco é mínimo para o embrião. Outro quesito importante é a preservação do bem-estar na hora do exame. "A tranquilidade no manejo é essencial para não causar problemas à gestação que está no início", afirma o técnico Cleir Vieira Martins Junior, da Global Genetics, de Amambaí, MS.



Além do diagnóstico de prenhez, este é o momento de colher outras informações, como avaliação dos órgãos reprodutivos, levantamento do histórico animal, classificação do estado corporal e avaliação da estratégia utilizada para o caso de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). "O diagnóstico não pode ser uma mera constatação de uma situação, o essencial é o conhecimento técnico para avaliar e indicar o que deve ser feito", comenta Fernandes, da Biotran. "É nesta hora que podemos reavaliar o animal e mudar o protocolo", exemplifica Martins Junior, da Global Genetics, referindo-se principalmente às novilhas e primíparas que passaram por IATF.



Martinelli, da Neobovina, complementa que também pode-se analisar o trabalho do inseminador e outras variáveis que compõem o custo do trabalho. "Quanto maior o número de prenhezes, menor se torna o custo com as gestações dos lotes inseminados", lembra. Portanto, o diagnóstico de gestação é uma ferramenta com finalidade técnica, mas que se reflete diretamente no desempenho econômico da atividade.



Informações obtidas com o diagnóstico de gestação:



- Confirmação da prenhez

- Avaliação da ciclicidade das matrizes e da atividade dos ovários (folículos e corpos lúteos/ovulações)



– Identificação de cistos ovarianos, patologias do aparelho reprodutor, gestações imprevistas por touros ou garrotes a campo

- Avaliação visual do animal



– Contabilidade do custo da gestação a partir dos resultados de inseminadores, sêmen usado ou outras variáveis.

*Matéria originalmente publicada na Edição 424 da Revista DBO, de fevereiro de 2016.